"-Porque sentirei melancolia? - perguntou-lhe ele ao ouvido.
-Porque as coisas belas sempre nos entristecem - replicou ela, fechando os olhos e aninhando a sua cabeça junto da dele.
-Porquê?
-Porque não podemos agarrar-nos a elas para sempre.
-Não, são passageiras, como um arco-íris ou um pôr do Sol. Nada do que é belo dura para sempre. Ou talvez seja porque nos fazem lembrar de onde viemos e os nossos espíritos anseiem por regressar - sussurou ele.
-Talvez."
O certo é que por uma razão ou outra, não se pode deixar de sentir uma tristeza em plano de fundo, um pressentimento, um arrepio bem dentro da alma. Foi isso que aconteceu. A euforia extática de ontem deu lugar a uma felicidade mais comedida, mais cautelosa. É como se Deus nos alertasse, ou como se o destino, o nosso destino, ele, que me colocou no teu caminho, me dissesse para ter cuidado, como intrepertariam alguns. Eu não. O destino, ou o que quer que seja não quer que eu tenha cuidado. Ele pede-me que eu viva cada dia como se do último se tratasse. É isso que ele me diz, porque eu já percebi que o hoje, o meu hoje, deve ser vivido completamente. E eu vou vive-lo, fazer muitos planos nunca dá em nada. Mas o HOJE eu tenho-o aqui comigo e já ninguém mo tira, e se ele é bom, eu vou vive-lo lá para fora: gritar aos sete ventos o quanto eu te quero, rodopiar, dançar, vou libertar-me. Libertar-me das amarras que ao longo dos anos se foram criando em mim, libertar-me dos medos, das inseguranças, e SER FELIZ. Porque é esse o meu objectivo. Ser feliz, não importa onde, ou como, desde que seja contigo estarei sempre bem...